segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Erdogan diz que renunciará se se provarem negócios de petróleo com o ISIS, depois que Putin disse que tem "mais provas"

30/11/2015, Tyler DurdenZero Hedge




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


"Exibi fotos tiradas do espaço e de aeronaves, que mostram com clareza a escala do comércio ilegal de óleo cru e derivados de petróleo" – Vladimir Putin disse a jornalistas no início desse mês, em reunião com a imprensa durante a reunião do G-20 em Antalya. Putin evidentemente falava do comércio de petróleo roubado da Síria e do Iraque, feito pelo ISIS, comércio cujas idas e vindas e meandros tenho documentado extensamente ao longo das últimas duas semanas:

Nu frontal: veja TUDO do comércio de petróleo do ISIS ("Rockefellers de Raqqa", Bilal Erdogan, KRG Crude & Conexão Israel), 30/11/2015, traduzido no Blog do Alok)

A ação da Turquia, de derrubar um avião russo SU-24 perto da fronteira síria, deu ao presidente russo toda a motivação e a cobertura de Relações Públicas de que precisava para expor o papel de Ancara no tráfico de cru roubado de Iraque e Síria. Logo depois do último 'incidente', o presidente Putin da Rússia não poupou Erdogan. "Petróleo do ISIS está sendo embarcado para a Turquia" – disse Putin ainda da Jordânia, em encontro com o rei Abdullah. Para o caso de alguém não ter entendido, Putin repetiu: "O Estado Islâmico obtém dinheiro vendendo petróleo à Turquia."

Na verdade é quase impossível traçar precisamente a rota que o petróleo vendido pelo ISIS segue, da extração ao mercado. Isso posto, parece que o ISIS serve-se também da mesma rede de contrabandistas, traficantes, corretores de venda e empresas de transporte de petróleo que o Governo Regional Curdo usa para transportar cru curdo, do Curdistão até o porto turco de Ceyhan. Daquele porto, o petróleo segue para Israel e outros mercados (dependendo da versão em que você mais acredite), e se alguém/algum precisa ser desviado do caminho reto, o truque consiste em transferir o petróleo, de navio para navio, e pode ser realizado na costa de Malta. A manobra, ao que parece, torna mais difícil rastrear as cargas.

Há quem creia que o filho de Erdogan, Bilal – proprietário de uma empresa de transportes marítimos de nome BMZ Group – está pesadamente envolvido no contrabando de cru dos curdos e do ISIS. Muitos dos navios que pertencem ao grupo BMZ navegam sob bandeira maltesa.

À luz do que acima está dito, há quem especule que a Turquia teria derrubado o SU-24 como retaliação pela campanha de bombardeio da Rússia, que recentemente destruiu mais de 1.000 caminhões-tanques do ISIS. Eis o que disse na 6a-feira o ministro da Informação da Síria, Omran al-Zoub:
"Todo o petróleo é entregue a uma empresa que pertence ao filho de Recep [Tayyip] Erdogan. Por isso a Turquia ficou ansiosa, quando a Rússia começou a atacar diretamente a infraestrutura do ISIS e já destruiu mais de 500 caminhões-tanques carregados com petróleo. Foi o que realmente deu nos nervos de Erdogan e sua empresa. E eles não importam só petróleo, também trigo e objetos históricos."
Al-Zoub não está sozinho em suas suspeitas. Em entrevista à RT, o deputado e ex-conselheiro de segurança nacional do Iraque Mowaffak al Rubaie (que acompanhou pessoalmente Saddam até o local do enforcamento), disse que o ISIS está vendendo na Turquia, mensalmente, cerca de $100 milhões de cru roubado do Iraque e da Síria. Aqui, alguns excertos:
"Nos últimos oito meses, o ISIS conseguiu vender (...) $800 milhões de dólares no mercado negro de petróleo da Turquia. É petróleo roubado do Iraque e da Síria, transportado em caminhões-tanques, desde o Iraque, desde a Síria, até áreas turcas de fronteira e vendido a pelo menos 50% do preço internacional do petróleo."
"Esse petróleo pode ser consumido na Turquia, refinado em território turco por refinarias turcas, e vendido no mercado turco. Ou é mandado para Jihan e dali, pelos oleodutos de Jihan, até o Mediterrâneo, e vendido no mercado internacional."
"Dinheiro e dólares gerados pela venda de petróleo roubado de Iraque e Síria no mercado negro de petróleo na Turquia são como o oxigênio indispensável para manter vivo o ISIS e dar continuidade à sua operação" – acrescentou ele. – "Se se cortar esse oxigênio, o ISIS morrerá sufocado."
"Não há nem sombra de dúvida de que o governo turco tem conhecimento dessas operações de contrabando de petróleo. Os revendedores, os empresários [estão comprando petróleo] no mercado negro na Turquia, bem debaixo do nariz – sob os auspícios, se você preferir – da agência de inteligência turca e do aparelho turco de segurança."
"Há oficiais da segurança turca que são simpáticos ao ISIS. E permitem que os terroristas passem sem ser incomodados, de Istanbul até a fronteira, e por ali são infiltrados na Síria e no Iraque".
"Nenhuma organização terroristas poderia manter-se sozinha ali, sem ajuda de algum país próximo. No caso do ISIS, é a Turquia."
Já bastaria, tudo muito claramente exposto. Mas há mais.

Na 2ª-feira, Putin voltou ao assunto. Disse que a Rússia obtivera nova informação que implica a Turquia ainda mais profundamente no crime de tráfico de petróleo roubado da Síria e do Iraque e comercializado com lucros pelo ISIS:
"No momento recebemos informação adicional que confirma que o petróleo que sai de armazéns e depósitos controlados pelos terroristas do ISIS entra em território turco, em escala industrial" – disse Putin em encontro paralelo à reunião sobre mudança climática que se realiza em Paris. "Já rastreamos alguns desses agentes de guarda e transporte de petróleo, em pontos localizados em território da República Turca e em regiões guardadas por serviços especiais de segurança. Esses agentes têm-se servido do regime de dispensa de visto para voltar ao nosso território. Aqui, continuamos a combatê-los sem descanso."
"Temos todas os motivos para acreditar que a decisão de derrubar nosso jato foi guiada pelo interesse de garantir segurança às rotas pelas quais o petróleo contrabandeado viaja até os portos onde é embarcado em navios-tanques" – o presidente Putin acrescentou, subindo mais um tom.

Quanto a Erdogan... ora... disse que "não pode aceitar" as acusações, que chama de "imorais":

  • ERDOGAN: TURQUIA NÃO PODE ACEITAR ACUSAÇÕES RUSSAS DE QUE COMPRARIA PETRÓLEO

Hilário! O homem que acaba de iniciar uma guerra civil só para reconquistar uns poucos assentos com votos que havia perdido no Parlamento, e que não pensa duas vezes antes de meter qualquer um na cadeia se achar que alguém pode vir a ser ameaça para ele... diz agora que renunciará se Putin (ou qualquer outro) apresentar "prova":

"Não somos desonestos a ponto de comprar petróleo de terroristas. Se ficar provado que nós, de fato, fizemos tal coisa, deixarei a presidência. Se houver qualquer prova, que apresentem. Consideraremos atentamente [a prova]."

Melhor esperar sentado, para não cansar, pela renúncia de Erdogan, mesmo que apareçam mil provas, não uma só.

Assim, a conexão turca está aí, dramaticamente exposta. Infortunadamente para Ancara, Erdogan não pode meter Vladimir Putin na cadeia, como ele pôde fazer e fez com jornalistas respeitados e policiais honestos que, como Moscou, querem ver cortado para sempre o fluxo de dinheiro e de armas para terroristas.

A verdadeira questão é como reagirá a OTAN, agora que a Turquia vai rapidamente se convertendo em risco grave. Além do mais, todos podemos ter certeza de que EUA, Arábia Saudita e Qatar (todos esses pesadamente investidos na causa do extremismo sunita na Síria) estão ficando nervosos. 

Ninguém desses quer ver esse saco de lama explodir, porque implicará que a opinião pública ocidental afinal verá que é essa tal coalizão de governos 'anti-ISIS' só no nome quem realmente financia e arma, não só os terroristas do ISIS, mas também os terroristas da Frente al-Nusra e outros grupos que lutam para arrancar do poder o governo do presidente Assad. 

Pior ainda, se se descobrir que a verdadeira razão pela qual os EUA nunca bombardearam os caminhões-tanques do ISIS até hoje é que Ankara e Washington são, de fato, como sócios... ou, no mínimo, têm acordo vigente sobre o fluxo de petróleo roubado da Síria para o porto turco de Cehyan. Se isso ficar provado, é possível que a opinião pública norte-americana decida condenar "uns caras aí" [orig. "some folks". É a expressão que Obama usou ao reconhecer que havia tortura nos EUA: "we tortured some folks" (lit. "torturamos uns caras aí")]


Não esqueçam: em conspiração de criminosos, o primeiro a ser apanhado é quase sempre descartado da confraria. Será interessante, se Erdogan começar a ser descartado pelos "aliados" de Ankara que tenham de seguir adiante, rumo a novos tempos.*****



2 comentários:

Unknown disse...

⭐⭐⭐⭐⭐

Unknown disse...

Pruebas científicas: cómo Turquía exporta al mundo el crudo del EI https://actualidad.rt.com/actualidad/193036-pruebas-cientificas-turquia-exportar-crudo-estado-islamico